Lei das Áreas Contaminadas completa 15 anos como modelo de proteção ao Meio Ambiente e à Saúde
10.07.2024 – Direito Público.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que a contaminação ambiental é responsável direta por cerca de nove milhões de mortes por ano no mundo. A exposição a poluentes na água e no ar, por exemplo, são responsáveis pelo aumento de doenças respiratórias, neurológicas e cardiovasculares. Outro fator preocupante é o solo, tomado por produtos químicos e agentes nocivos que chegam às pessoas e aos animais pela água e alimentos consumidos, além do manuseio da terra.
Sempre atuante na proteção à população, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou, há 15 anos, a chamada Lei das Áreas Contaminadas – Lei n° 13.577/2009 -, de autoria do Executivo. A nova legislação criou diretrizes e procedimentos para fortalecer as ações que garantam a proteção da qualidade do solo e o gerenciamento de áreas contaminadas no estado.
A Lei ainda determina a definição de responsabilidades, da identificação e do cadastramento de áreas contaminadas e da remediação desses pontos de forma a tornar seguros seus usos atual e futuro.
A preocupação e atuação em defesa da população e do Meio Ambiente não vem de hoje no Parlamento Paulista. Vale ressaltar que a Casa já teve a abertura de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) sobre o tema específico das áreas contaminadas. Uma delas foi instalada em dezembro de 2008 e foi presidida pela então deputado Rodolfo Costa e Silva. Outra foi instaurada em 2014, sob a coordenação da então deputada Vanessa Damo. Essa última, com enfoque principal em um condomínio no município de Mauá e um residencial no bairro do Carandiru, na Capital.
Atualmente, de acordo com dados recentes da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), a maior concentração de áreas contaminadas está na Região Metropolitana de São Paulo, seguida pela Região Metropolitana de Campinas.
Sete mil pontos
Até o último dia 3 de julho, a própria Cetesb havia registrado sete mil pontos de áreas contaminadas e reabilitadas no estado de São Paulo. O Programa Nacional de Áreas Contaminadas, por sua vez, mostra que 76% da contaminação do solo paulista vêm de atividades industriais.
Em relação aos municípios paulistas especificamente, a Cetesb aponta que há – até o mês de julho deste ano – exatos 435 registros de municípios com áreas contaminadas cadastradas; um cenário de 67,4% do total de 645 cidades que apresentam, ou apresentaram, alguma necessidade de remediação.
“As áreas que hoje são mapeadas e fiscalizadas como contaminadas são fruto do processo de industrialização e urbanização do país. As contaminações mais comuns são as associadas a hidrocarbonetos de petróleo, dado que a maioria das áreas cadastradas – 68% – se refere a postos, bases e sistemas retalhistas de combustíveis”, detalha a assessoria da Cetesb. “O estado, hoje, lida com um passivo importante de áreas contaminadas em regiões de alto adensamento populacional”, completa a equipe técnica.
Autuações
A agência do Governo do Estado atua de forma “corretiva” por meio do gerenciamento de áreas contaminadas e de forma “preventiva” nos licenciamentos ambientais sobre fontes de poluição. Em muitos casos são aplicadas autuações por registros de contaminação ou descumprimentos de exigências técnicas. Aplicações de restrições de uso da água subterrânea também são comuns no gerenciamento dos pontos com problemas. Vale ressaltar que todo o trabalho é amparado pelas regras aprovadas pela Alesp em 2009.
POLUIDORES MAIS COMUNS
Químicos
Os produtos químicos mais comuns relacionados à contaminação do solo são os hidrocarbonetos de petróleo, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, solventes, pesticidas, chumbo e outros metais pesados.
Atividade industrial sem parâmetros
Atividade industrial sem parâmetros de segurança e controle, com liberação de produtos químicos na forma líquida ou sólida, são causadoras de problemas.
Lixo
Lixo descartado de forma inadequada também polui o solo.
Fertilizantes e Pesticidas
Os fertilizantes e pesticidas liberam toxinas no solo, matando microrganismos que são fundamentais no crescimento das plantas.
Desmatamento
O desmatamento deixa o solo exposto e pode resultar em erosão, deixando a terra estéril e incapaz de suportar uma nova vegetação.
AS CONSEQUÊNCIAS
Mudanças Climáticas
Desmatamento pode provocar mudanças no ciclo das chuvas, que contribuem para o aquecimento global e o prejuízo a diversos ecossistemas.
Infertilidade do solo
Produtos químicos reduzem a fertilidade do solo, afetando a produção de alimentos e recuperação da terra.
AS RESPOSTAS
Reflorestamento
O plantio de mudas de árvores é uma medida eficaz – e simples – para reduzir a erosão do solo.
Controle de práticas agrícolas
As práticas agrícolas devem ser realizadas sob controle técnico e respeitando o equilíbrio entre produção, ganho comercial e proteção ao Meio Ambiente.
Remediação
Uso de sistemas de engenharia, produtos químicos adequados e microorganismos que destroem ou decompõem os contaminantes do solo fazem com que os recursos naturais possam ser novamente utilizados, restaurando o equilíbrio.
Fonte: Alesp – 10.7.2024