IBGE aponta dificuldades para incluir no censo pesquisa sobre consumo cultural
04.12.2017 – CULTURA
AGÊNCIA CÂMARA NOTÍCIAS
Para o diretor de pesquisas do IBGE, Cláudio Crespo, por se tratar de uma operação muito complexa, o censo não deve ser usado para perguntas sobre hábitos de consumo cultural dos brasileiros.
Ele participou de audiência pública da Comissão de Cultura da Câmara nesta quinta-feira (30) para discutir a inclusão dessas perguntas no censo de 2020.
A cada dez anos, o IBGE realiza a contagem da população e inclui perguntas sobre o comportamento socioeconômico, que servem de base para a elaboração de políticas públicas.
Crespo considera mais adequado realizar o levantamento sobre consumo cultural por meio de uma pesquisa separada, a cada cinco anos, a exemplo do que já ocorre com a Pesquisa Nacional de Saúde. Segundo ele, uma nova pesquisa só poderá ser realizada a partir de 2021.
“Uma pesquisa de hábitos culturais depende da resposta do próprio morador, a gente não pode transferir a outro a pergunta sobre hábitos culturais. Dificilmente uma mãe saberia exatamente quais jogos o filho usa ou quantos livros ele leu. Então, isso precisa ser uma pesquisa que haja um morador selecionado”, informou.
Plano de trabalho
A diretora do Departamento de Estratégias Produtivas do Ministério da Cultura, Ana Letícia Nascimento, afirmou que a partir da sugestão do IBGE, é possível estabelecer uma agenda de trabalho para o início da pesquisa, que é fundamental para a adoção de políticas públicas que incentivem o setor.
“Tomando como ponto de partida os trabalhos já existentes do Ministério e outras pesquisas realizadas pelo IBGE que contemplam áreas culturais, elaborar um plano de trabalho para 2021”, sugeriu.
O presidente da Comissão de Cultura e autor do requerimento para a realização da audiência, deputado Thiago Peixoto (PSD-GO), destacou a necessidade de a pesquisa apresentar dados precisos para evitar a adoção de políticas públicas equivocadas.
“O ponto fundamental é a gente passar a utilizar dados para pensar políticas públicas e o processo legislativo, em vez de ter como base simplesmente a opinião, ter fatos concretos”, disse.
O representante do Ipea, o pesquisador Frederico Barbosa, explicou que para traçar um perfil de consumo cultural é preciso elaborar um questionário que traga dados de fácil leitura, levando em consideração aspectos como frequência, tipo, idade e acesso.
Fonte: Agência Câmara Notícia, 30/11/2017